Explorado o local e apreciadas as espectaculares panorâmicas, saio do jardim pelo portão que segue pela Alameda do Castelo para continuar, pouco depois, pela Rua Elias Garcia e, no final desta, pela Rua Cândido dos Reis, uma via pedonal atapetada com uma bonita calçada portuguesa. Logo no início desta artéria encontro o Poço de Cacilhas, um elemento patrimonial composto por uma estrutura metálica e um alçapão de vidro, que permite perscrutar para o subsolo e ver este antigo recurso da população, usado até finais do século XX. O remate circular em pedra está gravado com o poema “A Inigualável” de Mário de Sá-Carneiro: “Água fria e clara/ numa noite azul/ água, devia ser/ o teu amor por mim”.
Um pouco mais abaixo, já com o percurso nos seus metros finais, dedico algum tempo a conhecer a igreja da Nossa Senhora do Bom Sucesso. A sua construção remonta a 1759, sendo um edifício em estilo pombalino (representado na fachada, janela e porta), composto por uma só nave, capela-mor e sacristia, com a frontaria a possuir duas torres de sino e dois relógios de sol. No interior as paredes são revestidas a azulejos datados de 1758/60.
Termino o percurso no Largo Alfredo Dinis (Alex) assim denominado em homenagem ao operário da Parry & Son, vários vezes preso por liderar a resistência ao regime de Salazar e assassinado pela polícia política a 4 de julho de 1945. No século XIX, a 1 de novembro de 1874, foi inaugurado neste local o chafariz de Cacilhas, cujo original foi demolido no final da década de 1940 (ou início da de 1950). A actual réplica foi colocada a 13 de julho de 2012, aquando das obras de revitalização do núcleo histórico.
Ao longo de pouco mais de 7 km (re)descobri uma cidade e locais que merecem ser visitados. É notório o esforço de recuperação realizado pela autarquia almadense, de forma a trazer para a vivência diária dos seus munícipes e visitantes, toda uma série de locais que, em definitivo, tornam mais agradável o quotidiano local. Porém, e tal como noutros locais, é uma pena ver tão valioso património ser, constantemente, alvo da imbecilidade dos energúmenos que teimam em deixar a sua marca em tudo o que é parede, monumento e coisa pública. No entanto e apesar dos atentados de que são alvo, permanece a beleza intemporal deste rico património. Não a aproveitar e desfrutar de tudo o que proporcionam é desonrar o legado que foi deixado pelas gerações que nos precederam, e que temos o dever de preservar para as gerações que nos irão suceder.
Fica a sugestão para os conhecer ou revisitar.
Características do percurso – piso: duro (alcatrão e calçada); distância: 7,2 km; retorno: sim (circular); água: sim; estacionamento: fácil; grau de dificuldade (1 a 5): 3,5; coordenadas gps do ponto inicial/final: n38º 41.16′, w9º 08.53′; altimetria: gráfico abaixo.