O terceiro e último parque deste percurso teve a sua génese intrinsecamente ligada ao plano habitacional dos Olivais, desenvolvido pela C.M.L. nos finais da década de 1950 e continuado na seguinte. Em 18 de agosto de 1959 foi aprovado o Decreto-Lei nº 42.454 que obrigava a edilidade a construir habitação social em quantidade e rapidamente. Os Olivais foram um dos locais eleitos para concretizar essa obrigação e dar início à reforma urbanística tendente a colmatar o deficit habitacional da capital, dado que a edilidade possuía uma grande quantidade de terrenos no local. Baseado num projeto urbanístico com uma concepção muito própria e idealista surgiu o novo bairro dos Olivais, subdividido em duas zonas: Olivais Norte e Olivais Sul.
A primeira, abrangeu cerca de 40 ha e foi planeada para uma população de 10.000 habitantes distribuídos por 2.500 fogos; a segunda ocupou uma área total de 187 ha, tendo sido planeada para cerca de 8.000 fogos a distribuir por uma população aproximada de 38.250 habitantes. Esta realidade levou a C.M.L. a preocupar-se com a criação de espaços que permitissem o lazer dos residentes, bem como atenuar os efeitos do cimento e proteger os blocos habitacionais dos cheiros provenientes da zona industrial contígua.
Assim, há quase meio século (1966-1968) foi criado o parque do Vale do Silêncio, um belo espaço verde de 8 ha com uma paisagem vistosa, sinónimo de planeamento territorial neste grande bairro de Lisboa, cuja intenção inicial foi também a de proteger as oliveiras sobreviventes aquando da construção dos prédios.
Este parque, um enorme prado envolvido por uma mata, desenvolve-se em forma de L, em que as formações de choupos acentuam o desenho do vale formando uma graciosa curva após um grande desenvolvimento rectilíneo.
O seu perímetro desenvolve-se ao longo de 1,5 km percorridos maioritariamente na orla do grande prado central, delimitado por bosquetes em cada um dos extremos, num percurso com algum declive na zona que decorre paralela à Rua Cidade de Nova Lisboa.
Os caminhos interiores não aportam um acréscimo assinalável em termos de percurso, mas permitem fazer a travessia perpendicular do espaço em vários locais. De assinalar que neste parque o percurso pedestre partilha o traçado (devidamente assinalado e segregado) com a ciclovia que liga o Campo Grande ao Parque das Nações.
Passadas quase cinco décadas desde a sua criação, o parque do Vale do Silêncio perdura como uma referência da arquitectura paisagista da cidade, sendo um belo local de lazer e de contacto com a natureza, propício a um excelente treino de corrida ou um simples passeio pedestre.
Serão necessárias mais razões para fazer uma visita aos parques da Madre de Deus, do Vale do Fundão e do Vale do Silêncio, pequenas pérolas pouco conhecidas na “mui nobre e sempre leal cidade de Lisboa”?
Tenho ideia de já ai ter corrido uma vez, se é o que estou a pensar, gostei muito desse parque